4 dicas para se tornar um gênio da inovação

Em seu livro “Genius Unmasked” (“Gênios desmascarados”, da Editora da Universidade de Oxford, ainda sem edição em português), a médica e pesquisadora Roberta Ness analisa a vida de gênios como Darwin, Thomas Edison e Einstein e aponta atitudes que qualquer pessoa pode seguir para ter ideias geniais e causar impacto na cultura, na ciência e nos negócios. Veja quatro dicas dela:

1. Faça perguntas assustadoras
Grandes inovadores não costumam ter ideias brilhantes a partir do nada. Em geral, eles partem de uma dúvida, um problema ou um tema que já vinha sendo debatido. Para Darwin, o ponto de partida foram as teorias de outros evolucionistas que vieram antes dele. Thomas Edison se baseou em descobertas do físico Michael Faraday que, entre outras coisas, havia inventado o gerador de eletricidade.
As questões, às vezes, são tão óbvias que várias pessoas encontram respostas para elas ao mesmo tempo. Alexander Graham Bell solicitou a patente do telefone apenas algumas horas antes de seu concorrente Elisha Gray tentar fazer o mesmo. Os dois haviam abordado a mesma questão.
Roberta assinala, ainda, que os inovadores que entram para a história são os que não têm medo de enfrentar questões realmente grandes. Concentrar-se em problemas muito específicos, de que poucas pessoas têm conhecimento, dificilmente vai levar alguém a ser reconhecido como gênio. “Esses inovadores icônicos fizeram perguntas grandes, audaciosas e assustadoras”, diz ela.

2. Quebre o paradigma
Roberta observa que o pensamento normal é limitado por um determinado paradigma característico do ambiente onde ele se insere. No dia-a-dia, essa limitação é benéfica.
Sem o paradigma formado pelos conhecimentos já aceitos, cada experimento científico teria de começar pelos princípios mais básicos. O cientista perderia muito tempo reinventando a roda. Além disso, seria muito mais difícil entender o que as pessoas dizem se as palavras não fossem vistas num contexto específico formado pelo paradigma.
Mas isso vale para as pessoas normais, não para os gênios. As revoluções no conhecimento exigem quebra de paradigma. A prevenção e o tratamento de muitas doenças só avançaram depois que Robert Koch, Louis Pasteur e outros cientistas do século XIX formalizaram uma teoria sobre os germes que contrariava bastante o pensamento da época. Antes disso, cientistas sérios acreditavam que havia geração espontânea de bactérias.

3. Fique atento ao acaso
Descobertas ao acaso – aquilo que em inglês se chama de “serendipity” – são abundantes na história da ciência. Mas a inovação só acontece quando a pessoa está atenta e preparada para dar significado à descoberta.
Um caso conhecido aconteceu em 1928, quando Alexander Fleming descobriu que fungos tinham matado as bactérias que ele estava estudando. Em vez de ficar lamentando seu experimento arruinado, Fleming passou a estudar aqueles fungos matadores de bactérias e, assim, inventou os antibióticos.
Outros cientistas já haviam tido o mesmo problema antes. Mas nenhum deles tivera a sacada de Fleming.

4. Rearranjar também é criar
Outra maneira de inovar, às vezes radicalmente, é combinar ideias já existentes ou encontrar novos usos para elas. “Edison era um mestre do rearranjo e da combinação de ideias. Um de seus inventos mais conhecidos, o fonógrafo, foi criado pegando invenções já existentes e combinando-as”, diz Roberta.
O ponto de partida de Edison foi o repetidor telegráfico, um gravador de mensagens de telégrafo patenteado antes por ele. O inventor também juntou elementos do fonoautógrafo, invento de Leon Scott que registrava vibrações numa folha de papel fixada sobre um cilindro. A soma dos dois resultou no fonógrafo.
Roberta não menciona Steve Jobs e nem os produtos da Apple, mas é inevitável lembrar deles quando se fala em combinação de ideias. O iPhone, por exemplo, não trazia nenhuma tecnologia 100% nova.
Ele foi montado com tecnologias que haviam sido criadas antes por outras empresas – tela sensível ao toque, memória flash, sensores, processador. A Apple combinou tudo isso de forma original para construir o smartphone mais vendido do mundo. Thomas Edison aprovaria.

Fonte: www.exame.abril.com.br